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Puxar ou chupar

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(Mú como eu) Um homem magro passa a enorme carroça atrelado, animal de carga, um mú sobe, inclinado e triste. Assalta-me o coração um desejo irreprimível, de empurrar, ajudá-lo a vencera subida. Olho ao meu redor e estou só o esforço do homem a ninguém ofende, sinto-me sozinho, camusiano na minha paixão pelo macho. Sou feito da matéria do mundo mas, estou mais perto do que puxa do que dos que chupam. Sou feito da matéria do mundo ou sou dum material diferente dos que sentados a meu lado sorvem os mesmos sucos finos? Belo Horizonte, 10 de Março de 2012

Mú como eu

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(Puxar ou chupar) Passo a passo avança o carro com gosto de sangue na boca, a juventude deixada à pouco a velhice a um passo curto. Todos te ignoram menos eu, levanto-me, ajudo-te, outro pobre animal de carga empurrando a mesma carroça. Todos te ignoram menos eu olho-te com lágrimas e empurro contigo. Estranha sociedade fizemos nós para acabarmos rodeados de anões. Belo Horizonte, 10 de Março de 2012

Camus, a ordem libertária

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"Não há vergonha em ser feliz. Mas hoje o imbecil é rei, e chamo imbecil àquele que tem medo de gozar." Fieis a si mesmos, quase todos filhos da alta burguesia, falsos, geniais, ridículos, hei-los actores em 1944...; "Nesta foto célebre de Brassaï Camus está no atelier de Picasso do crème de la crème do momento: Sartre sentado, um olho em direcção ao fotógrafo, Lacan desfocado (nele era fatal como o destino!), Picasso de braços cruzados fixando a objectiva, Beauvoir com um sorriso malicioso, segurando um livro como um missal antes da missa, Leiris sentado de terno, e alguns outros. Camus está de cócoras, entre Sartre e Leiris; Não olha o fotógrafo, acaricia um cão sentado no tapete diante dele. (...) No seu diário Camus escreve: "Trabalhadores franceses - os únicos ao lado dos quais eu me sinto bem, tenho vontade de conhecer e de viver . Eles são como eu." in L´Ordre Libertaire , Michel Onfray, Flammarion , 2012

Sabedoria

François Boscher: Você prepara igualmente um livro mais íntimo. Michel Onfray: Um projecto que poderá mesmo apagar a totalidade dos meus livros precedentes, saído de meditações e reflexões, do meu luto depois da morte do meu pai, ou seja, dois anos. Eu não sou cristão nem sequer crente, não tenho o sentido da transcendência... mas ao mesmo tempo isso mudou as coisas. Esse livro, que se chamará provavelmente Cosmos , será um convite a ir para além dos livros, dizendo que é talvez tempo de ler o céu, as plantas, a Natureza, o mundo. Se não entendemos que não somos nada no cosmos, se continuamos a acreditar que somos tudo, completamente ego-centrados... não saberemos viver bem, nem morrer bem. O meu pai entendeu-o, é a lição que ele me transmitiu pelo exemplo. A sua serenidade, a sua rectidão, tudo coisas que me fazem dizer que não é mau viver-se assim... Certas passagens reportar-se-ão à morte, como a preparar - penso aqui em mim próprio - porque, claro há uma cinquentena de livros...

Xavi e Messi

2:00 A.M. en el apartamento de Xavi Hernández: RING RING RING - Diga. - Xavi? Soy yo Messi. ¿Estás ocupado? - Estaba durmiendo tío ¿Qué es lo que sucede? ¿Todo está bien? ¿Por qué llamas a esta hora. ... - Ché es que tengo un problemón y necesito tu ayuda - Venga tío, no me asustes dime qué es lo que pasa. - Es que me fui con Álves a un club y conocí una rubia preciosa - Joder que no te entiendo - Esperá loco. La piba dice que está enamorada de mí, que soy el mejor del mundo. Y se ha venido a quedar en mi apartamento. Justo ahora está en mi cama en pelotas ¿Te das cuenta ahora? - Coño! que si me doy cuenta de qué? Que me has llamado sólo para presumir? - No ché, no es eso. Te necesito ¿No lo ves? - Hostia! ¿Y para qué me necesitas tío? - ¿Como que para qué? No te das cuenta que si vos no estás yo no la puedo meter!!!!!!

Valgina

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A professora primária chega à escola e apresenta-se: - Meninos, o meu nome é Valgina. Valgina, não esqueçam! Joãozinho pensa: - Estou fodido, vou-me esquecer. É certinho. Dois dias depois nova aula. A professora entra e diz: - Bom dia meninos! Vamos ver, tu, Joãozinho, como me chamo eu? Ele pensa, pensa, "caralho, era algo a ver com cona, mas não era bem cona, caralho" E diz: - Ah, já sei Sra. professora! Colna!

Brel, o filósofo

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Tributo de Bowie: Amesterdão No porto de Amesterdão Há marinheiros que cantam Sobre os sonhos que os assombram Ao redor de Amesterdão No porto de Amesterdão Há marinheiros que dormem Como as bandeiras penduradas Ao longo das margens escuras No porto de Amesterdão Há marinheiros que morrem Cheios de cervejas e dramas Às primeiras luzes do dia Mas no porto de Amesterdão Há marinheiros que nascem No espesso calor Dos fracos oceanos No porto de Amesterdão Há marinheiros que comem Sobre toalhas também brancas De peixes gotejantes Eles mostram os dentes Que mastigam o destino Que engolem a lua Uma baforada de caras E cheira a bacalhau Directamente no coração das batatas fritas Que suas grandes mãos convidam A retornar uma vez mais Então, levantam-se a rir Com um ruído de tempestade Fecham suas braguilhas E partem arrotando No porto de Amesterdão Há marinheiros que dançam Esfregando suas barrigas Nas barrigas das mulheres Eles giram e eles dançam

E por que haverias de querer...

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E por que haverias de querer minha alma Na tua cama? Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas Obscenas, porque era assim que gostávamos. Mas não menti gozo prazer lascívia Nem omiti que a alma está além, buscando Aquele Outro. E te repito: por que haverias De querer minha alma na tua cama? Jubila-te da memória de coitos e de acertos. Ou tenta-me de novo. Obriga-me. Hilda Hilst